O FEMIRRACÍDIO EM NOTÍCIAS SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NEGRAS NO ESPÍRITO SANTO: UM ESTUDO DISCURSIVO E SOCIOCOGNITIVO

Nome: RAQUELLI NATALE
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 03/04/2020
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MICHELINE MATTEDI TOMAZI Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
DANIEL DE MELLO FERRAZ Examinador Interno
JANAYNA BERTOLLO COZER CASOTTI Suplente Interno
LUIS FERNANDO BULHÕES FIGUEIRA Examinador Interno
MARIA BEATRIZ NADER Examinador Externo
MICHELINE MATTEDI TOMAZI Orientador

Páginas

Resumo: Apesar de todos os esforços e avanços na criação de legislações que prezam pela
prevenção, pelo combate e pela punição de crimes contra mulheres no Brasil ao
longo dos últimos anos, o índice de feminicídios continua a crescer, representando
um dos graves problemas que a sociedade brasileira precisa enfrentar. Contudo,
essa problemática é ainda mais complexa quando observamos que algumas
mulheres, como as negras, morrem três vezes mais do que as não negras em
alguns estados do país, como no Espírito Santo (ES), lócus de nosso estudo.
Diante desse cenário, esses crimes têm sido parte da agenda diária dos jornais do
ES que constroem, por meio de notícias, representações acerca dessa violência
as quais ajudam na (re)produção de crenças que acentuam e perpetuam as
desigualdades entre grupos sociais. É, pois, a partir desse contexto, que esta tese
objetiva analisar, por meio de um estudo Discursivo e Sociocognitivo, como os
assassinatos de mulheres negras, que aqui são nomeados como femirracídios, são
representados em notícias jornalísticas veiculadas por jornais capixabas. Dada a
natureza multidisciplinar da problemática, a qual mobiliza questões de ordem
linguística, social, cognitiva, histórica, cultural e política, a investigação lança mão
de trabalhos como a abordagem Sociocognitiva do Discurso, de van Dijk (1999,
2010, 2011a, 2012, 2014), dos estudos semióticos de van Leeuwen (2008) e
Machin (2007) e das contribuições feministas de Gonzalez (2011), Carneiro
(2003a), Crenshaw (2002a; 2002b), Meyers (1997; 2013), Collins (2000; 2004) e
Tomazi (2014a; 2014b; 2019; no prelo). Os resultados das análises mostraram que
o discurso noticioso não representa a violência contra mulheres negras como crime
de gênero, de responsabilidade pública, mas descrevem-na como um problema
inerente a um grupo social, marcado por preconceitos de gênero, raça e também
classe social. Além disso, atribui a violência a comportamentos individuais da
vítima e do agressor, como ciúmes, traição, envolvimento com álcool e drogas, que
contribuem para a (re)produção de estereótipos sociais e na promoção da crença
de que raça, gênero e classe determinam comportamentos.
Palavras-chave: Violência de gênero; Femirracídio; Mídia; Abordagem
Sociocognitiva e Discursiva; Interserccionalidade.

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